domingo, 30 de março de 2014

O que descobrimos que somos

Acabei me rendendo a mais uma autobiografia. A autora me chamou a atenção por ser uma jornalista, cuja escrita já havia me impressionado em duas ou três de suas crônicas.
O formato do livro e o que dizia na capa: “De quantos nascimentos e mortes se constitui uma vida? De quantos partos uma precisa para nascer? Com quantas palavras se faz um corpo?” me convenceram por completo.
Cento e quarenta e duas páginas lidas em dois dias (em meio a trabalho, estudo, filhos, marido). Um furacão de pensamentos e sentimentos. Uma tristeza ao chegar ao fim e o desejo de iniciar o livro novamente.
Eliane escreve sobre si mesma, relatando fatos, de uma forma diferente das biografias em geral. O fato é um detalhe para falar de si mesma, de sua identidade, de sua construção pessoal. Não há avaliações nem lições; apenas uma franqueza inacreditável e um talento admirável para lidar com as palavras.

“Escrevo para não morrer, mas escrevo também para não matar.” (p. 70)

Família, política, religião, educação escolar – o livro passeia sobre tudo, com algumas passagens divertidas e todas muito interessantes. E uma reflexão constante, insistente e profunda sobre Ser. E sobre como as palavras fizeram a autora Tornar-se.


"Pela palavra escrita eu tornava-me capaz de transcender o concreto, transformar impotência em potência. Fui salva pela palavra escrita quando comecei a ler - e(talvez) em definitivo quando escrevi. E - importante - quando fui lida." (p.110)

Um livro que dói na gente... Que faz pensar sobre como nos (des/re)construímos desde a infância e por toda a vida.

Um comentário:

  1. Marcinha, essa sua resenha me convenceu! :) Obrigada pelo carinho e vou já atrás desse livro mesmo estando lendo outros dois! Nós, leitores vorazes, não tomamos jeito, né? Não vi nenhuma publicação sua recentemente, acho. Só a publicação sobre os encontros literários cujos horários não consigo conciliar. :( Talvez vc esteja como minha conhecida no face (quando adiciono pessoas que não conheço bem, coloco-as nessa categoria) e não devo ter trocado o status de amizade depois que nos aproximamos. Por isso nunca recebo nada seu. :/ Vou responder seu recado no face amanhã, com calma, mas desde já te agradeço o carinho, a atenção, a preocupação... Tudo. E vou alterar nosso status de relacionamento no face depois de ler a sua timeline!! rsrsrsrs :) Um beijão!!

    ResponderExcluir