Doze anos de escravidão
Solomon Northup
Penguin Companhia
Tenho um pouco de resistência às autobiografias,
especialmente se forem de celebridades. Sempre me parece que essas pessoas
querem se expor um pouco mais em troca de holofotes. Resisto, também, a ler
livros depois que foram filmados e viraram sucesso. Uma espécie de pirraça
minha, eu sei.
Dessa vez, no entanto, algo diferente me moveu e decidi ler
o livro só por causa do filme (que não vi ainda, mas sobre o qual muito se
falou, afinal teve várias indicações ao Oscar, alcançando duas delas). O assunto me interessa muito, pois está entre meus objetos de estudo e foi uma motivação para a aquisição do
livro.
Não há nada demais em termos literários. Mas a história é
bem contada e há belíssimas reflexões de vida sobre liberdade e escravidão, que
nos fazem pensar dolorosamente sobre a capacidade que umas pessoas têm de
subjugar outras. Inacreditável, revoltante e triste, muito triste.
A narrativa é bastante detalhista e isso cansa um pouco. No
entanto, li rapidamente, sofrendo com muitas das passagens e experimentando
sentimentos diversos, principalmente piedade e admiração. Sem dúvida, é um
grande exemplo de fé e perseverança em circunstâncias tão adversas. Se o filme foi capaz de manter essa essência, com certeza trata-se de maravilhosa obra.
“Houvera momentos em minha infeliz vida, muitos, em que o
vislumbre da morte como o fim de sofrimentos terrenos – do túmulo como um local
de descanso para um corpo cansado e alquebrado – tinha sido agradável de
imaginar. Mas tal contemplação desaparece na hora do perigo. Nenhum homem, em
posse de suas forças, consegue ficar imperturbável na presença do ‘rei dos
horrores’. A vida é cara a qualquer coisa viva; o verme rastejante lutará por
ela.” (p. 110)
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