Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias
Ruth Rocha
Editora Salamandra
Ilustrações de Mariana Massarani
Quando falamos em clássicos, geralmente deixamos de lado a literatura infantil.
Mas há clássicos para as crianças também, com certeza. E (re)encontrá-los é
importante para não deixar que se percam – clássicos devem ser ETERNOS!
Tenho ido em busca de livros que encheram a minha infância de alegria e
prazer, cuja lembrança me emocionam ainda hoje. Quero ler esses livros para
meus filhos e fazê-los conhecer esses clássicos que, a despeito de terem sido
escritos há tanto tempo, continuam atuais.
Uma das obras que incluo nessa categoria é “Marcelo, marmelo, martelo”,
de Ruth Rocha. O livro se inicia com o texto homônimo e depois traz mais duas
histórias – “Teresinha e Gabriela” e “O dono da bola”. As três histórias
revelam bem o universo infantil, com suas descobertas, encontros e conflitos. É
uma graça!
Encontrei o livro na livraria esse final de semana, de cara nova, em
edição recente, com ilustrações divertidas de Mariana Massarani. Adorei!
O primeiro texto, confesso, é o meu preferido. A história do menino que
não entende a arbitrariedade do signo lingüístico e deseja nomear autonomamente
as coisas é muito interessante. Trata-se de uma indagação humana diante das
convenções. Dá uma boa aula de Filosofia da Linguagem – afinal, um bom livro
infantil é que aquele que agrada também aos adultos.
Um gostinho:
“E Marcelo continuou pensando:
‘Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem
sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E
belo? E bala? Eu acho que as coisas deviam ter nome mais apropriado. Cadeira,
por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E
travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar
assim.’”