“A queda – As memórias de um pai
em 424 passos”, Diogo Mainardi - Editora Record, 2012
No final de semana, li o texto
de Lya Luft, na revista Veja, sobre o novo livro de Diogo Mainardi. Não gosto dele, por questões
políticas. Seu humor seco e irônico me irritam.
O texto de Lya Luft, porém, me
aguçou a curiosidade de ler o livro que, segundo a ela, a emocionou
profundamente.
Hoje, dentro de uma livraria,
tendo de aguardar por meia hora uma pessoa com quem eu havia marcado encontro,
resolvi pedir o livro. Curiosa, comecei a lê-lo. Quando a pessoa chegou, eu
estava na página 41 e decidida a ler até o final. Comprei o livro.
Trata-se de uma narrativa
autobiográfica sobre seu filho mais velho, nascido no ano 2000, que teve
paralisia cerebral, em decorrência de seguidos erros médicos no seu parto. Essa paralisia
deixou o menino Tito sem falar, andar e mover-se nos primeiros anos de sua
infância. E mudou a vida de seus pais.
O tom do livro é o mesmo humor
seco e irônico de sempre. Como sempre também, a história é cheia de referências
culturais importantes sobre Arte, com destaque especial para as obras
arquitetônicas de Veneza, local onde Tito nasceu.
Em pouca coisa parecido com um
romance, o livro se divide em 424 pequenos capítulos, alguns dos quais com apenas duas linhas. O número se refere à
quantidade de passos que Tito é capaz de dar sem cair.
Por causa das constates quedas,
que fazem parte de sua vida, desde a queda maior, quando foi feito o primeiro
procedimento errado no seu nascimento, o título é “A queda”.
Mas a queda não é só de Tito.
Que, pelo conta a história, acha graça dos próprios tombos.
A queda principal, nos conta
Diogo, foi a dele mesmo. Queda do lugar onde estava até a chegada de seu
primeiro filho. Na sua própria voz: “Eu sou a formiga de Tito. Suas quedas recordam-me
permanentemente da precariedade e da transitoriedade de tudo o que eu tentei
construir.”
Pequenas reflexões como essa
estão presentes em vários momentos do livro. São duras pela realidade que
exprimem. Mas de grande sensibilidade, na voz de um pai que ama seu filho e que
lhe quer todo o bem.
“Quando vi Tito na incubadora,
no dia de seu nascimento, compreendi que o amaria e o acudiria para sempre.
De lá para cá, nada mudou.
Eu o amarei para sempre. Eu o
acudirei para sempre.”
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